São Paulo tem 1.009 plantas em extinção |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 17/09/2004 |
(Evanildo da Silveira)
Entre 1998 e 2004, a lista oficial das espécies vegetais ameaçadas de extinção no Estado de São Paulo cresceu de 300 para 1.009. À primeira vista, a nova relação, que deverá ser publicada na semana que vem no Diário Oficial, revelaria que o desmatamento aumentou e a situação das matas paulistas piorou. O diretor-geral do Instituto de Botânica (IB), Luiz Mauro Barbosa, garante, no entanto, que não é isso o que ocorre. "O aumento no número de espécies ameaçadas reflete o o maior conhecimento que temos da flora paulista", assegura. "E não a piora do problema."
A nova lista vem sendo elaborada desde 1998 e foi consolidada durante um workshop realizado no início desta semana no IB. Segundo Barbosa, a relação foi feita baseada na metodologia internacional da União Mundial para a Conservação (IUCN). "Mas também tivemos de fazer algumas adaptações específicas para São Paulo", explica.
Entre elas, foram adotados alguns critérios de exclusão da lista, que não existem na metodologia da IUCN. É o caso da tiririca (Cyperus rotundus), uma praga em São Paulo, mas que, por um dos critérios da IUCN - ser difícil de ser encontrada em herbários e museus -, seria considerada ameaçada. "Ela não faz parte de coleções, porque não existe muito interesse científico nela e não por estar em extinção", observa Barbosa.
Assim como criaram critérios para excluir espécies da lista das ameaçadas de extinção, os pesquisadores paulistas adotaram outros para incluir plantas na relação. "Definimos, por exemplo, que a ausência de registros novos de determinada espécie nos últimos 50 anos, inclusive em jardins botânicos e bancos de germoplasma, é suficiente para que a planta seja listada", conta.
Embora até a sua publicações no Diário Oficial a lista possa sofrer pequenos ajustes, ela contém até agora 13 na categoria extintas da natureza, 22 em perigo crítico, 170 em perigo, 402 presumivelmente extintas e 402 vulneráveis. "Também foram encontradas, em unidades de conservação, cerca de 20 espécies que eram tidas como extintas na lista anterior, de 1998", diz Barbosa. "O que comprova a eficácia e a importância dessas unidades."
Mais do que ser apenas uma relação de espécies ameaçadas, a lista servirá, por exemplo, para o estabelecimento de melhores políticas públicas ambientais, planos de manejo e para a expedição de laudos e licenças para desmatamento. "O licenciamento ambiental para grandes obras também será mais bem orientado e mais ágil", afirma Barbosa. "Além disso, o avanço no conhecimento da flora paulista vem facilitando os processos de conservação e restauração dos principais biomas do Estado."
O Estado de S.Paulo
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