HC vai atender insatisfeitos com o corpo |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 22/09/2004 |
(Simone Iwasso)
Além das academias de ginástica, os adeptos de anabolizantes terão a oportunidade de freqüentar, se quiserem, o consultório médico. Para auxiliar no tratamento dos casos de uso mais grave das substâncias, e também conhecer o perfil e as motivações desses consumidores, o Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo (USP) vai oferecer a partir de outubro atendimento gratuito para quem estiver interessado.
Inicialmente será formada uma turma de cem pessoas, que terão acompanhamento durante dois meses, além de discussões em grupo. "Há seis anos começamos um projeto de assistência e pesquisa para quem tem problemas com a imagem corporal. Atendemos pacientes com bulimia, anorexia e compulsão por comida", explica Mara Cristina Souza de Lucia, diretora da Divisão de Psicologia do Instituto Central do HC.
De acordo com ela, o foco agora é a vigorexia, um transtorno emocional que leva o indivíduo a fazer horas de musculação e tomar anabolizantes, mas sem deixar de se ver como fraco e pequeno.
"É um distúrbio de percepção, que leva algumas pessoas a sempre se enxergarem pequenas, apesar de estarem musculosas. É o contrário da anorexia, na qual a pessoa sempre se enxerga maior do que é", afirma a médica. Mara diz que a doença é muito recente e ainda não há muitos estudos sobre a ocorrência e o tratamento.
"Essa doença é muito nova, começou a aparecer a partir da década de 80. Está aparecendo muito em função da cultura atual, que incentiva a busca pelo corpo ideal, aumentando os riscos à saúde. A maioria das pessoas está um pouco insatisfeita com o corpo, mas, quando isso traz prejuízos para a saúde, a vida social e a profissional, se torna uma patologia", diz.
A médica comprova com números a afirmação. Uma pesquisa do departamento realizada em 2003 com 700 universitários mostrou que 1 em cada 5 entrevistados afirmou perder eventos sociais, atrasar-se no trabalho ou nas aulas por se sentir pouco atraente.
O Estado de S.Paulo
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