28% ainda são analfabetos no campo |
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Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 22/09/2004 |
(Lisandra Paraguassú)
A população rural brasileira foi reduzida em mais de um terço nos últimos 30 anos, enquanto o número de crianças do campo matriculadas no ensino fundamental cresceu 21%. No entanto, apesar dos avanços, as diferenças educacionais mostram que a área rural ainda é um mundo muito diferente da cidade.
Dados analisados pelo Instituto Nacional de Estatísticas e Pesquisas em Educação (Inep) mostram que 28% dos jovens acima de 15 anos no campo ainda são analfabetos - dois terços a mais do que o índice registrado nas cidades.
A escolaridade dos jovens no campo, apesar de ter mais do que dobrado nos últimos 30 anos, ainda é a metade da população urbana.
Na cidade, em média, a população tem 7 anos de estudo. No campo, 3,4 anos. A distorção idade-série chega, no campo, a 65% das crianças matriculadas. Na cidade, é de 50%.
Apesar de concentrar mais da metade das escolas brasileiras - 97 mil de 169 mil existentes -, a zona rural tem unidades que deixam a desejar em termos de qualidade e até mesmo quantidade do atendimento. A metade delas ainda é de uma sala e 64% são multisseriadas - nas quais ficam concentrados estudantes de várias séries na mesma sala - e com apenas uma professora.
Para piorar a situação, boa parte dos professores que ensinam no campo tem formação inadequada. Apenas 9% completaram o ensino superior. "Geralmente os professores com formação inadequada permanecessem nas escolas pequenas enquanto completam sua formação, quando então pedem transferência para a cidade, onde os salários são maiores", diz estudo preparado pelo grupo permanente de educação do campo do Ministério da Educação.
O levantamento mostra que o atendimento na pré-escola e no ensino médio está muito abaixo do que deveria. A oferta de vagas para as crianças de 4 a 6 anos é de apenas 25% da necessidade. No Ensino Médio, a situação é ainda pior: apenas 4,5% dos estudantes que precisam encontram vagas.
Migração - O censo escolar de 2002 mostrou que 94% dos estudantes do ensino médio que moram na área rural estudam nas cidades e usam algum tipo de transporte escolar. Em muitos casos, essa situação leva à evasão escolar ou à migração para a cidade. O Censo do IBGE de 2000 encontrou 690 mil adolescentes entre 15 e 24 anos vindos no campo morando nas cidades brasileiras.
A migração para a cidade é um dos problemas apontados no segundo encontro sobre educação no campo realizado no mês passado em Brasília. Entre outros pontos, o relatório do evento apontou a necessidade de adaptação do currículo para as necessidades do campo, incluindo conhecimentos típicos das atividades rurais.
O Estado de S.Paulo
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