> Sistema Documentação
> Memorial da Educação
> Temas Educacionais
> Temas Pedagógicos
> Recursos de Ensino
> Notícias por Temas
> Agenda
> Programa Sala de Leitura
> Publicações Online
> Concursos & Prêmios
> Diário Oficial
> Fundação Mario Covas
Boa noite
Quarta-Feira , 30 de Abril de 2025
>> Notícias
   
 
Nisseis são menos saudáveis que seus pais


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 29/09/2004

(Adriana Dias Lopes)
Uma pesquisa feita pelo departamento de Medicina Preventiva da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), e que será divulgada no Congresso Latino-Americano de Diabetes, em São Paulo, mostra que os hábitos alimentares de japoneses que vivem no Brasil trouxeram prejuízos à saúde. O estudo envolveu 1.330 orientais de Bauru, interior de São Paulo, e foi dividido em duas etapas. A primeira ocorreu em 1993, quando pesquisadores analisaram os índices de diabete tipo 2, de obesidade e hábitos alimentares de japoneses de primeira geração (que nasceram no Japão, mas moram no Brasil), com mais de 40 anos de idade, e os de segunda geração (filhos deles), com mais de 30 anos. Na segunda fase, em 2000, os estudos foram reaplicados.
A diferença na incidência da diabete tipo 2 entre as duas gerações foi gritante. Nos imigrantes, ela acomete 25,5% dos homens e 19,9% das mulheres.
Nos nipo-brasileiros, quase dobra: 40,6% entre homens e 32,4% entre as mulheres. "É muito provável que seja o maior índice do planeta", diz Sandra Roberta Gouveia Ferreira, uma das coordenadoras do estudo.
Para se ter idéia, a incidência na população brasileira é de cerca de 10%, de acordo com a Sociedade Brasileira de Diabetes. Entre os japoneses moradores do Japão, é de 7%. "A principal suspeita é de que existe uma mistura de fatores genéticos com a alimentação ocidental", diz Sandra.
"Estudos feitos na década de 90 com nipo-americanos vivendo em Seattle acusaram números semelhantes."
Síndrome - A diabete é o excesso de glicose no sangue (quando o exame feito em jejum acusa índice superior a 126 mg/dl). Na tipo 2, isso ocorre porque a insulina, que é o hormônio responsável por levar a glicose às células, tem dificuldades em cumprir o seu papel. Ela é cerca de oito vezes mais freqüente do que a do tipo 1 (mais grave porque é quando a insulina é completamente incapaz) e acomete principalmente quem tem mais de 35 anos.
Um dos fatores genéticos também apareceu na pesquisa de Bauru. A diabete tipo 2 está ligada à chamada síndrome metabólica, que é detectada na maioria das vezes pelo excesso de gordura localizada na região da cintura (homens com cintura acima de 90 centímetros e mulheres acima de 80 já se encaixam nela).
A síndrome é um conjunto de doenças que provocam alterações no metabolismo.
Além da diabete tipo 2, ela inclui hipertensão e índices altos de triglicérides e colesterol. Os portadores da síndrome têm quatro vezes mais chance de morrer do coração.
Os índices da síndrome acusados no estudo são mais altos entre os nipo-brasileiros. Em compensação, a incidência de obesos foi duas vezes menor nas duas gerações em relação aos portadores da síndrome.
Batata frita - A aposentada Alice Hayashi, de 62 anos, é filha de japoneses. Seu pai, que veio para o Brasil na década de 30, morreu com 101 anos. Sua mãe, com 89. "Eles eram muito saudáveis, comiam só frutas, peixes e verduras", lembra ela. "Comigo já é diferente. Como alimentos japoneses, mas adoro batata frita, salgadinhos, faço bifes fritos e como doce." Há dois anos, Alice foi avisada pelo médico que deve ficar atenta à sua saúde. Deve controlar a diabete e o colesterol.
"Apesar da diabete tipo 2 ter influência genética, ela responde muito bem a tratamentos com dieta saudável", diz a endocrinologista Marise Tinoco, da Sociedade Brasileira de Endocrinologia. "Portanto, se alguém que tem propensão à doença tiver uma alimentação saudável, com o consumo de muitas verduras, frutas e pouca fritura e doces, pode retardar o aparecimento dela."
As principais mudanças alimentares acusadas na pesquisa foram em relação ao consumo de açúcar e de gorduras (ver quadro). O próximo passo do estudo será controlar a alimentação dos nipo-brasileiros e quantificar quanto ela é capaz de influenciar na saúde deles.


O Estado de S.Paulo

Para mais informações clique em AJUDA no menu.

 





Clique aqui para baixar o Acrobat Reader