Redução do CO2 já, pedem cientistas |
|
|
Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 03/11/2004 |
(Jamil Chade)
As geleiras do Ártico estão derretendo. Isso não é nenhuma novidade, mas o que chama a atenção desta vez são as conclusões tiradas daí. O derretimento aumentaria o nível dos oceanos e, por tabela, isso seria suficiente para expulsar de suas casas cerca de 17 milhões de pessoas apenas em Bangladesh, por exemplo. O alerta faz parte do mais completo relatório já produzido sobre o impacto das mudanças climáticas no Pólo Norte. E concluiu que os governos precisam cortar emissões de dióxido de carbono (CO2). O trabalho foi conduzido por mais de 250 cientistas para os oito governos da região do Ártico, entre eles EUA, Rússia e Canadá.
Para analistas, o relatório traz provas de que há uma mudança climática ocorrendo na região do Ártico e que isso tende a piorar se as emissões dos gases de CO2 não sofrerem uma redução imediata. O estudo começou em 2000 com dois grupos: um estudou o impacto na fauna e flora e o outro monitorou o impacto social.
A conclusão não poderia ser mais pessimista. Até final do século, a elevação dos oceanos pode ser de 1 metro e o aquecimento do ártico contribuiria em 15% dessa elevação. Além daqueles 17 milhões de pessoas ameaçadas em Bangladesh, correriam riscos também os habitantes de regiões como a Flórida, Manila e Calcutá.
TEMPERATURA
O derretimento do Ártico teria um impacto sobre a temperatura do planeta e sobre os níveis do mar. Segundo a avaliação, o aquecimento no Ártico será duas ou três vezes maior que no resto do mundo nas próximas décadas. Um dos resultados disso será o desaparecimento dos ursos polares em menos de cem anos. Vários peixes também sumiriam.
Já as comunidades que vivem na região do ártico devem sofrer uma maior incidência de tempestades. Com menos gelo, a região ainda sofreria uma redução em sua habilidade de refletir de volta o calor. Uma dessas mudanças poderia ocorrer na Europa, que teria sua temperatura elevada.
Para Jennifer Morgan, diretora do World Wild Fund para mudanças climáticas, a única saída é cortar as emissões de gases. A entidade ainda acusa os governos que financiaram o estudo de "hipócritas", já que tomam a iniciativa de avaliar a questão, mas não aceitam assinar compromissos internacionais para lutar contra as mudanças climáticas, como é o caso do Protocolo de Kyoto. Os oito países do ártico respondem por cerca de 30% das emissões de CO2no mundo.
O PROTOCOLO DE KYOTO
ORIGEM: Assinado por 160 países em Kyoto, no Japão, em 1997.
OBJETIVO: Reduzir as emissões globais de gases do efeito estufa - principalmente CO2 e metano - em cerca de 5% até 2012, com base nos níveis de emissão de 1990.
CONDIÇÕES: Para entrar em vigor, precisa ser ratificado por pelo menos 55 nações que, juntas, somem pelo menos 55% das emissões de CO2 registradas em 1990.
PENDÊNCIA: Falta apenas a ratificação pela Rússia, responsável por 17% das emissões. O Parlamento já aprovou a adesão, que depende da assinatura do presidente Vladimir Putin. Sem a Rússia, e com a rejeição dos EUA - o maior poluidor mundial -, o protocolo morre.
SITUAÇÃO: 127 nações já ratificaram ou estão em vias de ratificar o acordo e suas emissões somam 62% do total.
O Estado de S.Paulo
Para mais informações clique em AJUDA no menu.
|