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Lição de casa: ouvir a vitrola do vovô


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 16/11/2004

(Lucinéia Nunes)
Eles fazem parte de uma geração viciada em internet, videogame, Harry Potter, festinhas em bufê e que conhece cedo os problemas de quem vive numa metrópole como São Paulo. É uma galera padronizada, com muitas características em comum. Mas quando se fala em música, o universo é bem abrangente e, por isso, até é possível detectar diferenças nas preferências da garotada. Algumas iniciativas escolares ajudam a aumentar esse leque de opções musicais. Mais do que Sandy & Júnior, Rouge e bandas como Skank e Titãs, o que desperta a atenção dos 27 alunos da primeira série da Ensino Fundamental 1 do Colégio Assunção, por exemplo, é um time antigo, que marcou a história da música nacional e internacional, como Noel Rosa, Luiz Gonzaga, Carmem Miranda e até Elvis Presley. São nomes do tempo dos avós e bisavós dessas crianças de 7 anos de idade.
A professora da turma, Valéria de Souza Dolme, já havia ensinado cantigas de roda com ritmos diferentes. Mas queria apresentar novos cantores e ampliar o universo cultural e musical das crianças, privilegiando um repertório de qualidade. "E isso a música popular brasileira tem de sobra", afirma Valéria. "Primeiramente fiz um levantamento para saber o que eles conheciam e gostavam de ouvir. Na ocasião, o mais lembrado foi o Felipe Dylon", ela conta. Depois idealizou um projeto extracurricular, que agradou a coordenadora da escola.
Intitulado 'De Noel Rosa a Lulu Santos... A Canção do Tempo', o projeto utiliza cada período musical para contar um pouco da história brasileira no último século, com suas transformações sociais, tecnológicas e culturais. A pesquisa começa a partir do Descobrimento, em 1500, e segue com um breve histórico até 1920, quando o cronograma é então dividido por décadas. "Em cada período trabalhamos um panorama geral do País, com linguagem acessível às crianças. E a contextualização é feita com fotos, filmes e visitas à biblioteca", explica Valéria.
"Durante a pesquisa, eles, indiretamente, aproximam-se do conteúdo de outras disciplinas, como geografia e história. E se divertem com curiosidades sobre vestuários, brinquedos e utensílios usados ou criados em cada época." Entre eles a vitrola da professora, que encantou a turma e ganhou lugar cativo na classe. Eles também acharam incrível, por exemplo, Carmem Miranda ter sido a primeira mulher a usar calça comprida. Tudo é registrado com desenhos, listas de palavras e produções coletivas na lousa ou no painel colado na parede do corredor. "Até o caderno de caligrafia é trabalhado em cima da música."
Todos os ritmos são mencionados, dos rituais indígenas aos batuques dos escravos e hinos dos jesuítas, passando pelas modinhas portuguesas, choro e maxixe. Os personagens são Chiquinha Gonzaga e Ernesto Nazareth. O roteiro segue pelos anos de 1920, "época de renovação dos costumes e gêneros musicais, da criação do samba e das marchinhas carnavalescas e do primeiro veículo de comunicação de massa da nossa história: o rádio", explica a mestra. A música-tema é Carinhoso (Pixinguinha e João de Barros).
A diversão continua com a Época de Ouro (1930); os ritmos do Nordeste (1940); o rock e a Jovem Guarda (1950); os festivais (1960); a Tropicália e as discotecas (1970); o pop rock dos anos 80 e, finalmente, as manifestações atuais como axé, funk e hip hop. Os alunos Gabriel Fabri (triângulo e piano) e Thiago Bechara (acordeão), do 3º ano do ensino médio, encerram cada aula tocando e cantando com a turma, geralmente caracterizados como os músicos da época.
A criançada aprova, dança, bate palma e faz coro ao som de Asa Branca. "Adorei Tico-Tico no Fubá", conta o aluno Fernando. Já Rafael foi com a mãe assistir a um espetáculo baseado nas canções de Chiquinha Gonzaga e ganhou um CD. Em casa, a menina Dulce costuma ouvir Maísa, Nara e Tom Jobim. Na classe, ela amplia seu repertório com Chico Buarque e Caetano Veloso. "Para encerrar o projeto, a turma quer fazer um sarau musical", conta a professora.


O Estado de S.Paulo

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