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O Edifício Itália, novo como em 1965


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 19/11/2004

(Aryane Cararo)
A 151 metros de altura, Joselito, Clemilton e mais seis colegas se equilibram para montar um suporte de ferro, onde ficarão pendurados balancinhos. Estão presos por equipamentos de segurança, mas, no 44.º andar do edifício mais alto de São Paulo, é difícil controlar o medo. "A gente já tem costume, mas esse é alto", diz Joselito do Rosário, de 27 anos. Eles fazem parte da equipe de montagem. Logo virá outra para a limpeza e uma para a troca de argamassa. Daqui a 16 meses, a fachada do Edifício Itália estará restaurada.
"Esperamos que esse prédio represente um totem do processo de requalificação do centro histórico, que seja um símbolo e um exemplo", diz o artista plástico Francisco Zorzete, da Companhia de Restauro, empresa que realiza a obra. Há dois anos e meio ele trabalha no projeto. Foi preciso, primeiro, fazer um levantamento da arquitetura, estrutura e plástica do edifício. Depois, o diagnóstico da situação da fachada, mapeando trincas, partes faltantes e descoladas ou prestes a cair do revestimento de fulget - uma espécie de massa com cimento, pedras e outros materiais.
"Ele está ruim, necessitando de uma intervenção urgente", afirma o arquiteto Rogério Campos Magalhães. "Precisaria ter sido feita uma manutenção nesses quase 40 anos, mas não teve." A primeira fase de intervenção começou há dois meses. Em dezembro deve ser iniciada a limpeza da fachada, que deve voltar a ficar clara, como era originalmente. Em seguida serão feitos a remoção das partes que podem cair, o tratamento da ferragem por trás do revestimento e a aplicação de novo fulget e de hidrofugante, para que a água da chuva não penetre. A primeira fase custará R$ 1,3 milhão.
A segunda parte prevê a recuperação do teatro e dos brises, aquelas placas de alumínio nas janelas que filtram a luz solar. Ao todo, o restauro vai custar R$ 5 milhões, mas só uma parte será custeada pelo condomínio. Como o prédio é tombado pelo Conselho Municipal de Preservação do Patrimônio Histórico Cultural e Ambiental (Conpresp) e pelo Conselho de Defesa do Patrimônio Histórico, Artístico, Arqueológico e Turístico (Condephaat), síndico, condôminos e restauradores esperam que a iniciativa privada participe da restauração, com base nos incentivos fiscais da Lei Rouanet.
"Quando terminar, o edifício vai ficar muito mais bonito, um pouco mais claro e com visual melhor. Mas eu sou suspeito para dizer", aposta o síndico Lorenzo Del Maffeo, para quem o prédio é o símbolo da cidade. O Itália já foi visitado por personalidades, como a rainha Elizabeth II e o presidente da Itália Carlo Ciampi.
O Edifício Itália, inaugurado em 1965, é um dos principais marcos da arquitetura moderna de São Paulo e um dos primeiros a utilizar alumínio na fachada. Logo após ser construído, foi regulamentada a Lei de Uso e Ocupação do Solo, proibindo construções de outros prédios desse porte, o que o ajudou a manter sua imponência no centro ao longo desses 39 anos. O imóvel tem 47 pavimentos entre subsolo, térreo com galeria de lojas e sobrelojas, andares para escritórios e para o Circolo Italiano e o terraço.
Mesmo para quem está trabalhando nas alturas, o Itália é fascinante. "É bom trabalhar vendo a paisagem", afirma o operário Clemilton Cabral de Oliveira, de 19 anos. De lá, parecem pequenos a Catedral da Sé, o Teatro Municipal, o Banespinha e a Praça do Patriarca. Os balancinhos dos operários demoram meia hora para irem do solo ao terraço. "Se cair, dá tempo até de pedir perdão antes de morrer", brinca Clemilton.


O Estado de S.Paulo

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