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Minas cria 1.º músculo artificial nacional


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 24/11/2004

(Evanildo da Silveira)
Nos anos 70, um seriado de TV americano fez muito sucesso no Brasil, Cyborg - O Homem de Seis Milhões de Dólares. Nele, um piloto da Força Aérea americana, Steve Austin, interpretado por Lee Major, ganha, após um acidente, pernas, um braço e um olho biônico. Com esse órgãos feitos pelo homem, era capaz de correr a 110 km/h, erguer automóveis e enxergar 20 vezes mais que uma pessoa comum. Mais de 30 anos depois, a tecnologia da vida real ainda não chegou a tanto. Mas já há várias partes do corpo que podem ser substituídas por similares biomecânicos ou biônicos (veja infográfico ao lado).
No Brasil, por exemplo, acaba de ser criado o primeiro músculo artificial nacional com aplicação médica. O feito é de pesquisadores do Laboratório de Bioengenharia, da Universidade Federal de Minas Gerais (Demec/UFMG). O objetivo desse músculo não é, claro, dar superpoderes para quem usá-lo. A idéia é ajudar as pessoas com dificuldades de locomoção. "Ele deverá ser utilizado por portadores de lesões motoras causadas por problemas neurológicos", explica o engenheiro mecânico Marcos Pinotti, coordenador do Demec e responsável pelo desenvolvimento do músculo.
Para isso, a idéia é procurar fazer que o músculo artificial funcione da maneira mais semelhante possível à do ser humano normal. "Ele deve proporcionar ao seu usuário não só melhor locomoção como também menor desgaste das articulações, que são muito exigidas naqueles que têm problemas motores", explica Pinotti. "Nesses casos, com o decorrer do tempo, essas pessoas podem até perder os movimentos."
FUNCIONAMENTO
O músculo desenvolvido por Pinotti e sua equipe é composto por uma rede flexível que possui em seu interior uma câmara de borracha, em forma de tubo, inflável. O seu acionamento é pneumático. Quando se enche de ar a câmara, o seu diâmetro aumenta, encurtando seu comprimento. Esse movimento faz que ocorra simultaneamente encurtamento do músculo, movimento que origina a força.
O controle do músculo é feito por quem o está usando. "Ela faz isso por meio de sinais mioelétricos (correntes elétricas geradas pelo próprio corpo da pessoa, quando ela tem a intenção de fazer algum movimento)", explica Pinotti. "Desenvolvemos um sistema que lê esses sinais mioelétricos e faz que o músculo artificial responda à vontade do paciente."
O músculo artificial, na verdade, não substitui o natural. Ele funciona pelo lado de fora do corpo, auxiliando-o. Por isso, para usá-lo o paciente precisa ter a estrutura músculo-esquelética preservada. "O músculo artificial é fixado em um suporte plástico, chamado órtese, que envolve o segmento do corpo (coxa, braço) cujo movimento se quer restaurar", diz. "Esse conjunto, denominado exoesqueleto, pode ser colocado e retirado a qualquer momento."
Apesar disso, não se pode confundi-lo com uma prótese. Pinotti explica que esta substitui um membro perdido, enquanto uma órtese é um dispositivo artificial que auxilia o movimento de uma perna ou de um braço, por exemplo. O músculo artificial desenvolvido na UFMG é capaz de realizar movimentos de flexão de quadril, de ombro, de joelhos e de cotovelo.
Mas os pesquisadores não pretendem parar por aí. O próximo passo do projeto é recriar movimentos mais complexos, que exigem o emprego de sensores e de mais de um de músculo na mesma órtese. "Vamos criar músculo artificial para as partes do corpo que realizam movimentos mais refinados, como o braço", diz Pinotti. "Para isso, estamos desenvolvendo a parte de biomecânica e sensores mais adequados."
Para o músculo já desenvolvido, a próxima fase, que começará em julho, será a ampliação do atendimento para um grupo maior de pacientes. Por enquanto, apenas uma pessoa está usando o novo músculo. Depois de realizados todos os testes, a UFMG tornará a tecnologia disponível, por meio de licenciamento, às empresas interessadas na fabricação.


O Estado de S.Paulo

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