Brasileiros testam vacina contra o HIV |
|
|
Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 29/11/2004 |
(Herton Escobar)
Pesquisadores pernambucanos e franceses descobriram uma nova estratégia para combater o vírus da aids. Eles desenvolveram uma vacina terapêutica capaz de reduzir a carga viral de um paciente em mais de 80% - resultado semelhante ao obtido com o coquetel antiaids, só que sem os efeitos colaterais e sem o regime de escravidão imposto pelos medicamentos. O estudo está sendo feito com 18 pacientes do Recife, sob a coordenação da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE).
Os resultados são promissores, mas ainda preliminares, como ressaltam os pesquisadores. "É um estudo de fase 1, no qual se busca provar o conceito e avaliar a segurança da intervenção", explica Luiz Claudio Arraes, coordenador do estudo no Brasil. Em oito do pacientes tratados, a vacina funcionou muito bem, segundo ele, com redução média de 80% na carga viral. Nos outros dez, a intervenção trouxe resultados medianos. "Mas o conceito foi provado em todos", garante. Com quase dois anos de tratamento, nenhum deles ainda precisou tomar o coquetel.
"Entre as muitas vacinas que estão sendo pesquisadas, essa é a primeira que mostra resultados positivos concretos", avalia Adalto Castelo, professor de infectologia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp). "Ainda não é um produto pronto para ser utilizado, mas o resultado é muito promissor."
ESTRATÉGIA
A intervenção utilizou uma forma inativa do vírus em parceria com as chamadas células dendríticas do sistema imunológico, que identificam agentes estranhos no organismo como um alvo a ser atacado.
Amostras do vírus de cada paciente foram extraídas e desativadas in vitro por meio de reações químicas. "A idéia é manter o vírus morto, mas intacto", explica Arraes. As formas inativas do HIV foram então acopladas a células dendríticas, também extraídas de cada paciente, e injetadas de volta na pessoa para reorientar as defesas do organismo. "O sistema imune, que estava completamente desorientado, recebe uma carga de informação específica que o permite combater a doença de forma mais específica", diz Arraes.
A pesquisa ainda tem um longo caminho pela frente, que passa por experimentos com maior número de pacientes, com doses variadas e em estágios diferentes da doença. Os resultados iniciais estão publicados na revista Nature Medicine. A autora principal é Jean-Marie Andrieu, pesquisadora do Centro Biomédico de Saints-Pères, em Paris, e professora visitante da UFPE.
O Estado de S.Paulo
Para mais informações clique em AJUDA no menu.
|