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Os 2.122 peixes de rios do País


Publicado pelo jornal O Estado de S.Paulo 02/12/2004

(Evanildo da Silveira)
Foi uma pescaria gigante. Durante seis anos, 34 pesquisadores de diversas instituições percorreram milhares de quilômetros, em 20 Estados, enfrentando sol quente, chuva e lama, para jogar suas redes em centenas de rios e riachos. Apanharam 80 mil peixes de todas as espécies conhecidas e de algumas ainda não descritas pela ciência. Nenhum foi para a grelha ou frigideira, no entanto. O objetivo da pescaria era científico e o resultado deve ser tornado público no início de 2005, quando será publicado o Catálogo das Espécies de Peixes de Água Doce do Brasil.
É a primeira publicação do gênero desde 1948, quando o biólogo americano Henry Fowler realizou e um levantamento pioneiro. "A lista publicada por ele está completamente desatualizada", diz Paulo Buckup, da Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), um dos coordenadores do trabalho que resultou no inventário a ser publicado. "Além de não conter centenas de espécies descritas nas últimas décadas, as definições de espécie de Fowler não correspondiam ao que hoje se sabe sobre os limites morfológicos e geográficos de cada uma."
O novo catálogo apresenta 2.122 espécies encontradas nos rios do Brasil - quase o dobro da lista de Fowler -, que vão desde piabinhas e cascudos de 4 a 5 centímetros e alguns gramas até o pirarucu (Arapaima gigas), o maior peixe de água doce do mundo, que pode atingir 3 metros e 150 quilos. "De todas as espécies que listamos, de 10% a 15% eram desconhecidas e estão sendo cientificamente descritas", explica o outro coordenador da pesquisa, Naércio Aquino Menezes, do Museu de Zoologia da Universidade de São Paulo (USP).
O novo catálogo faz parte do projeto Conhecimento, Conservação e Utilização Racional da Diversidade da Fauna de Peixes do Brasil, iniciado em 1998, com financiamento do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq). Além de preencher uma lacuna no conhecimento científico, sobre a biodiversidade de peixes de água doce encontrados no Brasil, a nova publicação poderá servir de base para políticas de conservação dos peixes e de exploração sustentável da pesca.
PESCA SUSTENTÁVEL
Hoje, o Brasil produz cerca de 700 mil toneladas de peixe por ano, das quais cerca de 70% são retiradas das águas que banham suas costas e 30% dos rios. O País ocupa a 27.ª posição no mercado mundial, exportando cerca de US$ 350 milhões em peixes. "Infelizmente, a pesca extrativista no Brasil ultrapassou os limites da sustentabilidade", diz Buckup. "Por isso, são necessárias políticas mais cuidadosas para a exploração sustentável desse recurso."
Apesar do grosso da produção de peixes vir do oceano, o maior número de espécies está nos rios. O Catálogo das Espécies de Peixes Marinhos do Brasil, elaborado pela mesma equipe, dentro do mesmo projeto, e publicado no ano passado, lista 1.297. Levando em conta os dados conhecidos da Região Neotropical (uma região biogeográfica, que inclui as Américas do Sul e Central e o sul do México), os pesquisadores supõem que o Brasil tenha mais do que as 2.122 espécies de água doce listadas no novo catálogo.
Segundo Buckup, na Região Neotropical são conhecidos 4.500 peixes de água doce e devem haver outros 1.550 ainda não estudados pela ciência. "Esse número representa cerca de 34% das espécies conhecidas", explica. "Extrapolando para o Brasil, pode-se imaginar, numa estimativa conservadora, que o País ainda tenha algo em torno de 720 espécies desconhecidas. Por isso, nosso trabalho ainda não acabou."


O Estado de S.Paulo

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