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Horror de Hiroshima explode em exposição no MAC


Publicado pela Folha Online 08/08/2005

(MARIO GIOIA)
Da imagem inicial de "Little Boy" --a bomba atômica que devastou Hiroshima vista como uma pequena forma a cair por um céu azulado matinal-- a uma figura humana de costas, encolhida, frente a um mar de ruínas calcinadas, as 86 reproduções de desenhos de "Hiroshima - Testemunhos e Diálogos" evidenciam um verdadeiro apocalipse.

Expostas no MAC (Museu de Arte Contemporânea) Ibirapuera, atestam o horror inaugural da era atômica, que vitimou ao menos 237 mil pessoas --incluindo as vítimas de Nagasaki, nove dias depois do fatídico 6 de agosto de 1945 de Hiroshima.

Apesar de reproduzidas em papel fotográfico e em grandes plotagens --os originais não foram cedidos--, a compilação de imagens e relatos, aberta ao público amanhã, incomoda. Talvez seja esse o efeito que a curadora Maria Luiza Tucci Carneiro, 55, pretenda. "O desastre atômico ainda hoje é tabu, tanto no Japão como nos EUA. A memória de tal devastação é essencial", diz ela, diretora-executiva do Laboratório de Estudos sobre a Intolerância da USP (Universidade de São Paulo). A diretora do MAC, Elza Ajzenberg, também assina a curadoria.

Os desenhos são do acervo do Museu Memorial da Paz de Hiroshima, que os obteve a partir de uma campanha via rádio em 1974, quando foi pedido que sobreviventes do desastre elaborassem as obras e as enviassem à emissora NHK.

A mostra foi montada quase na ordem cronológica dos acontecimentos. As imagens iniciais mostram aviões e a trajetória do artefato, com espectadores ainda sem saber o que viria. A partir da explosão, as cores predominantes mudam: o vermelho do fogo produzido e a chuva negra dos destroços invadem os desenhos.

O azul das afluentes do rio Ota e das cisternas saltam em uma série, mas são minimizadas pelas numerosas figuras humanas desfiguradas, inertes, com olhares atônitos ou tentando sobreviver em meio a colunas, vigas e estruturas destruídas. Há flashes mais esperançosos, como em "Soldado Falando com Crianças", de Torazuchi Matsunaga, onde uma dupla de garotos saúda um soldado, mas o tom trágico é o mais presente na exposição.

É o que narra "Um Homem e seu Cavalo Morrem Juntos", de Masahiko Nakata, um tríptico no qual são mostrados mortos o dono de um cavalo junto ao seu animal, perto de uma ponte, em três momentos, cada vez mais próximos do fim. E o desconforto dos moradores, portando máscaras, perto das valas comuns onde pilhas de cadáveres foram queimadas. Ou dos cidadãos tendo de identificar familiares e amigos e encontrarem mortos a perder de vista, cada um apenas com sua etiqueta portando um número.

De acordo com Carneiro, o fato de os desenhos só serem produzidos a partir da década de 70 mostra o quanto o assunto ainda perturba a sociedade japonesa. "Ocorreu uma minimização da catástrofe. Feitos quase 30 anos depois do fato, são outro tipo de memória. Imagino o que vai acontecer quando os sobreviventes restantes morrerem. Daí a importância do registro."

Diálogos

Os desenhos-testemunhos dialogam com 14 obras pertencentes ao acervo do MAC, que evocam temas como a dor. Entre elas, "Impresso sobre Rocha" (1973), instalação do japonês Chihiro Shimotani, "Discussão", do britânico Austin Wright, além de duas esculturas da nipo-brasileira Kimi Nii.

Hiroshima - Testemunhos e Diálogos
Quando: Ter. a dom., das 10h às 19h. De amanhã a 9/10
Onde: MAC Ibirapuera (pavilhão Ciccillo Matarazzo, 3º piso, parque Ibirapuera, portão 3; tel. 0/xx/11/5573-9932
Quanto: entrada franca


Folha Online

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