TENDÊNCIA TRADICIONAL
"
Esta forma de trabalhar acabou por reforçar
nos educadores ainda mais a dicotomia entre a teoria e a prática
e, mais do que isto, por valorizar a prática em detrimento
da teoria. De certa forma, a teoria foi e tem sido vista como
um mal necessário."
"A grande síntese avaliativa fica na própria
fala dos educadores, após o término dos treinamentos
e volta à rotina da escola: "o curso foi muito
bom, mas sabe, né, na prática a coisa é
muito diferente e pouco se consegue aplicar daquilo que se
aprendeu". Ou também, "a teoria é
muito bonita, mas na prática a coisa é bem diferente."
MOVIMENTO ESCOLANOVISTA
"Na década de 60, especificamente, é
possível identificar nos treinamentos de educadores
uma ênfase acentuada nas questões de métodos
e técnicas, nas relações interpessoais
e nas dinâmicas de grupo"
"A partir do golpe militar de 1964, diante da impossibilidade
de avançar rumo a propostas progressistas de educação,
o movimento escolanovista encontrou terreno propício
para o seu desenvolvimento." (...) "Entram na moda
a inovação e a modernização dos
meios, passando para segundo plano os próprios conteúdos
do ensino"
"Em suma, a influência do "escolanovismo"
nos treinamentos, principalmente o que chegou às escolas
públicas, acabou reforçando muito a noção
de que atividades, métodos e técnicas resolveriam
a improdutividade da escola, deixando mesmo o conteúdo
- aprendizagem da cultura universal - em segundo plano. As
mudanças desejadas nos treinamentos acabaram manifestando-se
assim: uma prática mais para o tradicional, acompanhada
por um discurso novo, onde a "liberdade" da escola
nova triunfa em relação ao "autoritarismo"
da escola tradicional."
PEDAGOGIA TECNICISTA
"A escola deveria ser produtiva, racional e organizada
e formar indivíduos capazes de se engajar rápida
e eficientemente no mercado de trabalho. (...) Para tanto,
à imagem da empresa, a escola deveria apresentar uma
produtividade eficiente e eficaz."
"É claro que os treinamentos de educadores
nos anos 70 refletiram, e muito, esta tendência que
valorizava fundamentalmente os meios, as tecnologias e os
procedimentos de ensino - apresentados sempre como "neutros",
"eficientes" e "eficazes". E isto teve
conseqüências negativas na educação
escolar brasileira que perduram até o presente momento."
PERÍODO CRÍTICO-REPRODUTIVISTA
"Em suma, treinamentos na "fase da denúncia"
(78 a 82, aproximadamente) foram utilizados como meios para
difundir a denúncia do caráter perverso da escola
capitalista, onde a escola da maioria reduz-se totalmente
à inculcação da ideologia dominante,
enquanto as elites se apropriam do saber universal nas escolas
particulares de boa qualidade, reproduzindo, assim, as contradições
inerentes e necessárias ao capitalismo. É evidente
que houve um saldo positivo, na medida em que ocorreu, de
certa forma, um avanço da consciência ingênua
dos educadores para uma concepção mais crítica
da educação escolar; e o mais positivo, e que
a história tem comprovado, foi a superação
deste pessimismo crítico imobilista em relação
ao desenvolvimento da escola, como um espaço contraditório,
onde se pode e se deve atuar de forma competente e comprometida
politicamente, com os interesses das maiorias, dando origem
ao que pode ser denominado de 'realismo crítico' "
TENDÊNCIA CRÍTICA
"O educador, ao propiciar a relação
do educando com os conteúdos do ensino, deverá
fazê-lo de forma dinâmica e sempre que possível
relacionar a experiência do aluno com os conteúdos
trabalhados, tentando, sistematicamente, evidenciar a importância
de uma sólida formação escolar como instrumento
para a sua prática cotidiana. Desta forma, a atuação
do educador deverá ser coerente, articulada e intencional,
de forma a propiciar a crítica ao social, bem como
uma educação escolar viva, na vida social concreta."
"Daí a necessidade fundamental do educador
conhecer muito bem os conteúdos que ensina, sabê-los
criticamente em relação ao social concreto e
saber transformá-los em algo que produza mudanças
no indivíduo, no próprio processo de aquisição
desse saber."