" Nosso objetivo neste artigo é discutir como
as relações entre os indivíduos se fazem
presentes quando o contexto é a escola. Partimos da
concepção de que na vida diária escolar
os afetos se entrelaçam na complexa rede de relações
institucionais. Isto é, no dia-a-dia do funcionamento
da escola se confrontam diferentes indivíduos com suas
histórias de vida, com suas concepções
de mundo, cada qual com seus objetivos e intenções.
Estes encontros e desencontros - o conjunto das diferentes
ações e reflexões daqueles que participam
desse funcionamento escolar - propiciam novas relações,
que produzem o sucesso ou o fracasso no processo ensino-aprendizagem."
" Os depoimentos da professora da classe 'problema'
nos falam da solidão de seu trabalho e da responsabilidade
pessoal sobre esta sala de aula. Coube tão somente
a ela pensar em estratégias que evitassem as dificuldades
encontradas e vividas na relação com os colegas
e com outras classes, como não deixá-los ir
ao recreio e impedi-los de freqüentar a aula de Educação
Física. Apesar de a criação desta sala
de aula ter sido um processo de decisão da escola,
ela não é vista como tal, não é
pensada como uma responsabilidade do grupo de professores,
coordenação e direção, não
é considerada como um elemento da própria escola."
" Os desenhos das crianças também nos
levam a refletir que uma mudança no olhar, do fracasso
para o desafio, é fundamental no sentido de imprimir
outro movimento na relação pedagógica.
A classe 'bem-sucedida' assim se tornou por tere passado a
ser incluída na escola como aquela que 'merecia uma
chance'. A escola e a professora estavam interessadas em criar
estratégias de atuação com o objetivo
de conquistar nas crianças repetentes o desejo de
aprender."