"No Brasil, uma política recessiva condena
ao desemprego milhares de trabalhadores, emergindo uma juventude
pobre de periferia que "não tem amanhã"
e encontra no movimento dos "carecas de subúrbio"
uma forma de protesto pelo "abandono" social que
sofre pela falta de perspectivas profissionais ou sociais,
tendo no racismo contra o negro, o nordestino ou o judeu um
alvo para sua agressividade. Vale lembrar, entretanto, que
violência é não só o confronto
físico direto, mas também a falta de escolas,
de atenção médica e de um futuro social."
"É nítida a intenção
de o "careca" manter uma dignidade, de se auto-afirmar
como trabalhador, como alguém que não é
drogado nem ocioso. Ele diferencia-se do que chama de "marginal"
por meio do trabalho sério, sem vender tóxico
para sobreviver ou roubar a população pobre.
Embora cultive a violência, não se considera
um "bandido", um violento que sobrevive sem trabalhar
seriamente."
"Como se vê, esses movimentos oscilam entre
posições de direita nacionalista, racista e
posições libertárias. Encontramos, às
vezes, indivíduos que se autodenominam anarquistas
e, ao mesmo tempo, nacionalistas. Racistas somente em relação
a negros ou judeus; no restante, proclamam-se democratas."
"Punks, "carecas" e skins são produtos
dessa sociedade de massa desterritorializada, criada pelo
capitalismo que procura submeter tudo à sua lógica
implacável. Um mundo desenraizado, cosmopolita e desterritorializado
produz pessoas desenraizadas nas grandes megalópoles
modernas, os skins por exemplo. E a cultura de massa contribui
para esse desenraizamento. Ela forma uma "mediocridade
média" que se constitui no público
para seus espetáculos. Daí o caráter
espetacular da figura dos "carecas" ou skins."