"As ações e relações
educacionais que acontecem em uma Escola dependem de vários
fatores e elementos (ditos resultantes de múltiplas
determinações!...). Dentre estes fatores e elementos
estão as pessoas nela envolvidas, isto é, os
alunos (sim, isto mesmo, os alunos!...), mas também
os professores, o diretor da Escola, os assistentes de direção,
os coordenadores pedagógicos e de áreas (quando
existentes), os funcionários e até os pais dos
alunos e, um pouco mais distantes, as outras pessoas do chamado
sistema escolar (supervisores de ensino, delegados de ensino)
etc."
"Há, em todos os relatos que lemos ou ouvimos,
ou na literatura de que dispomos, indicadores de que estes
profissionais da Escola noturna não estão satisfeitos
com os resultados (influências e determinações)
das ações e relações educacionais
de que participam. Tal insatisfação é
flagrante, quando se conversa honestamente com esses profissionais.
E os dados que constam dos resultados escolares dos cursos
noturnos não são nada animadores."
"Esta é uma grande e séria questão:
por que e para que estamos fazendo Escola? Por que e para
que estamos esperando que milhões de jovens trabalhadores
venham a se empenhar, à noite, no trabalho escolar?
Isto está tão claro para nós que, a partir
daí, somos capazes de deixá-lo também
claro para os jovens?"
"A quarta questão, desse modo, desdobra-se
em duas: a que diz respeito à possibilidade real de
fazer algo e a que permite que isso seja realizado, sozinho
ou coletivamente.
Trata-se de duas questões, mas são, na verdade,
uma só: a possibilidade de fazer algo em organização
tão complexa como a Escola - e, em especial, a Escola
noturna - está atrelada à possibilidade de fazer
funcionar o coletivo que, por sua vez, vai depender da soma
dos comprometimentos individuais."
"Uma idéia rica que pode ser trabalhada aqui
é a de colaboração ou co-laboração:
laboração, labor ou trabalho com... os outros.
É a idéia de trabalho coletivo que, acrescida
à de autonomia, pode estar indicando caminhos promissores
para a Escola noturna."
"O fazer humano competente não dispensa o
saber deste fazer: ser humano por inteiro implica, ao mesmo
tempo, fazer e saber. Não seriam essas excelentes razões
para fazermos, e bem, o trabalho da Escola?
Mas à Educação (e à Educação
escolar) cabe também desenvolver a capacidade de
saber mais, para além daquele saber transmitido aos
alunos, ou seja, a capacidade de saber por conta própria.
É preciso ajudar as crianças e jovens a se
tornar estudantes e a continuar a sê-lo por toda a
vida. É importante que eles passem a ser investigadores
reflexivos, do tipo que quer sempre saber as razões
de tudo, de cada coisa ou de algum aspecto importante da
realidade."