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Quarta-Feira , 24 de Abril de 2024
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Formação contínua e obrigatoriedade de competências na profissão de professor.

Philippe Perrenoud


Este texto está dividido em quatro partes que retomam, cada uma delas, um artigo do autor publicado em uma revista de educação suíça. Nele Perrenoud - sociólogo dedicado ao ensino e à pesquisa em educação - apresenta um referencial de áreas de competências e discute a formação, a profissão, a avaliação e a competência do professor. E defende, de maneira provocativa e inovadora, entre outras idéias, a de que também os professores - e não somente os alunos - devem ter sua atuação pautada por competências e serem avaliados com base nelas.

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Parte I. Formação contínua e desenvolvimento de competências profissionais
"... Orientar a formação contínua para as competências, portanto, é ampliar o campo de trabalho e dar às práticas reais mais espaço que aos modelos prescritivos e aos instrumentos."

"...o importante seria não julgar o referencial como tal, mas entrar nele e confrontar as representações de uns e outros, fazer o balanço dos ganhos que ele representa, identificar os problemas que ele coloca e as próximas etapas que ele anuncia. Isso representa um trabalho formador em si mesmo. É preciso, portanto, desejar que o debate se inicie, que esse referencial seja progressivamente "habitado" e, portanto, desenvolvido (...) e até (...) reformulado com o passar do tempo."

II. A avaliação dos professores: entre uma impossível obrigatoriedade de resultados e uma estéril obrigatoriedade de procedimentos
"Priorizando, no ensino, a obrigatoriedade de procedimentos, freia-se o processo de profissionalização. Isso seria justificado se ficasse assim garantida uma verdadeira eficácia do ensino. Mas tal não acontece. Uma estrita obrigatoriedade de procedimentos é, ao mesmo tempo, um obstáculo à profissionalização e uma negação da complexidade. Faz parte, além disso, de uma visão ultrapassada de ensino-aprendizagem."

"... não é mais possível ensinar de forma estereotipada. Uma fração crescente das situações de ensino-aprendizagem, ao contrário, ao menos se se quiser lutar contra o fracasso e permitir que a maioria progrida, exige estratégias originais e sob medida, partindo da análise do que foi adquirido, das necessidades, dos recursos e das forças..."

"As situações são muito diversas, móveis e complexas para que seja possível ditar regras ou propor procedimentos. É por isso que se delega a um profissional competente o poder e a responsabilidade de saber, melhor que ninguém, o que convém fazer, já que ele tem todos os elementos na mão, em tempo real."

III. A avaliação de competências: uma avaliação em busca de atores
"...o poder de avaliar é difícil de ser assumido na sociedade atual, porque ele obriga o avaliador a dizer a alguns avaliados coisas difíceis de ouvir. Enquanto a relação pedagógica construída na escola com crianças e adolescentes autoriza os professores a fazerem julgamentos muito duros, às vezes sem sutileza alguma, a avaliação se torna vergonhosa em certas partes do universo adulto, notadamente na função pública."

"Encontramo-nos, de fato, numa situação de transição, onde o corpo docente reivindica uma autonomia que na verdade não assume, na qual a autoridade não é mais legítima o suficiente para encarnar a norma e mergulhar freqüentemente numa prova de força, onde a profissionalização está avançada o bastante para "deslegitimar" qualquer forma de controle externo, mas não o bastante para que os profissionais façam eles mesmos seu controle."

IV. Prestar contas, sim, mas como e a quem ?
"Não se imagina um médico justificar um erro profissional em nome de uma concepção pessoal de saúde. Certamente, existe uma margem de apreciação pessoal em relação a tratamentos (...) mas que não é comparável à latitude que se considera na pedagogia. (...) Isso não aconteceria tão facilmente em setores cuja profissionalização esteja mais avançada, nos quais os profissionais não se sentiriam livres para dizer a respeito de qualquer questão: 'esta é a minha opinião e eu a divido com vocês.' "

"... caminhar para a identificação das competências e sua regulação faz parte de um movimento em direção a escolas eficazes, ao aparecimento de profissionais reflexivos e de escolas autônomas, em suma, em direção a uma maior profissionalização na Educação."


Competências de referência Competências mais específicas a serem trabalhadas em formação contínua (exemplos)
1. Organizar e animar situações de aprendizagem · Conhecer, em uma determinada disciplina, os conteúdos a ensinar e sua tradução em objetivos de aprendizagem.
· Trabalhar a partir das representações dos alunos.
· Trabalhar a partir dos erros e obstáculos à aprendizagem.
· Construir e planejar dispositivos e seqüências didáticas.
· Comprometer os alunos em atividades de pesquisa, em projetos de conhecimento.
2. Gerir a progressão das aprendizagens · Conceber e gerir situações-problema ajustadas aos níveis e possibilidades dos alunos.
· Adquirir uma visão longitudinal dos objetivos do ensino primário.
· Estabelecer laços com teorias subjacentes às atividades de aprendizagem.
· Observar e avaliar os alunos em situações de aprendizagem, segundo uma abordagem formativa.
· Estabelecer balanços periódicos de competências e tomar decisões de progressão.
3. Conceber e fazer evoluir dispositivos de diferenciação · Gerir a heterogeneidade dentro de uma classe.
· Ampliar a gestão da classe para um espaço mais vasto.
· Praticar o apoio integrado, trabalhar com alunos em grande dificuldade.
· Desenvolver a cooperação entre alunos e certas formas simples de ensino mútuo.
4. Implicar os alunos em sua aprendizagem e em seu trabalho · Suscitar o desejo de aprender, explicitar a relação com os conhecimentos, o sentido do trabalho escolar e desenvolver a capacidade de auto-avaliação na criança.
· Instituir e fazer funcionar um conselho de alunos (conselho de classe ou da escola) e negociar com os alunos diversos tipos de regras e contratos.
· Oferecer atividades de formação opcionais, à Ia carte.
· Favorecer a definição de um projeto pessoal do aluno.
5. Trabalhar em equipe · Elaborar um projeto de equipe, representações comuns.
· Animar um grupo de trabalho, conduzir reuniões.
· Formar e renovar uma equipe pedagógica.
· Confrontar e analisar juntos situações complexas, práticas e problemas profissionais.
· Administrar crises ou conflitos entre pessoas.
6. Participar da gestão da escola · Elaborar, negociar um projeto da escola.
· Gerir os recursos da escola.
· Coordenar, animar uma escola com todos os parceiros (paraescolares, bairro, associações de pais, professores de língua e cultura de origem).
· Organizar e fazer evoluir, dentro da escola, a participação dos alunos.
7. Informar e implicar os pais · Animar reuniões de informação e de debate.
· Conduzir entrevistas.
· Implicar os pais na valorização da construção dos conhecimentos.
8. Utilizar tecnologias novas · Utilizar softwares de edição de documentos.
· Explorar as potencialidades didáticas do softwares em relação aos objetivos das áreas de ensino.
· Promover a comunicação a distância através da telemática.
· Utilizar instrumentos multimídia no ensino.
9. Enfrentar os deveres e os dilemas éticos da profissão · Prevenir a violência na escola e na cidade.
· Lutar contra os preconceitos e as discriminações sexuais, étnicas e sociais.
· Participar da implantação de regras da vida comum envolvendo a disciplina na escola, as sanções e a apreciação de condutas.
· Analisar a relação pedagógica, a autoridade, a comunicação em classe.
· Desenvolver o sentido de responsabilidade, a solidariedade e o sentimento de justiça.
10. Gerir sua própria formação contínua · Saber explicitar as próprias práticas.
· Estabelecer seu próprio balanço de competências e seu programa pessoal de formação contínua.
· Negociar um projeto de formação comum com colegas (equipe, escola, rede).
· Envolver-se nas tarefas na escala de um tipo de ensino ou do DIP.
· Acolher e participar da formação dos colegas.

Publicação: Série Idéias n. 30. São Paulo: FDE, 1998.
Páginas: 205-251

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