"...a nossa prática como psicólogos,
atuando junto a professores da Rede Estadual, mostra-nos que
os conhecimentos da Psicologia, de maneira geral, têm
sido utilizados muito mais para manter mitos e práticas
de segregação e de discriminação
das crianças na Escola do que para possibilitar o avanço
dessas crianças no processo de escolarização."
"Se por um lado a Psicologia desenvolveu um corpo
de idéias que contribuiu para que considerássemos
aquilo que "falta" para um processo de aprendizagem
adequado, por outro também construiu um corpo de idéias
que enfatiza a riqueza da troca, dos desafios, valorizando
as experiências de vida, demonstrando a riqueza do pensamento
infantil...
O que se passa com o conjunto dos educadores que erguem tantas
barreiras, dificultando acreditar no potencial de aprendizagem
de seus alunos ?"
"Sabemos que vivemos numa sociedade onde existe uma
série de crenças e preconceitos em relação
ao pobre, aos migrantes, aos nordestinos, aos favelados...
(...) Temos de enfrentar esta realidade, discutir nossas crenças
e avançar em nosso trabalho educacional. E mais do
que isso, analisar as conseqüências sociais de
tais atitudes, principalmente o fato de que o fracasso escolar
impede a inserção dessas crianças no
mundo letrado, passo importante para a cidadania. Como são
nossos sentimentos diante de um aluno pobre ? Como tais sentimentos
são vividos na relação pedagógica
?"
"Na nossa experiência com educadores, pudemos
constatar que aqueles que vencem sua crença na incapacidade
das crianças em se alfabetizarem encontram novas maneiras
de trabalhar, de 'olhar' seus alunos, de organizar critérios
de avaliação e de se comprometer com os pais
no processo de escolarização."