"Para nos desvencilharmos do mito da criança
carente que não aprende e atuarmos em bases mais realistas,
faz-se necessário problematizar e questionar o que
entendemos por carência e quais as suas implicações
na produção e superação do fracasso
escolar."
"Conhecer esta realidade [condições
materiais, concretas, de vida da maioria das crianças
que freqüentam a Escola Pública [que] são
de fato extremamente precárias] deve ser ponto de partida
para adequar a prática pedagógica às
crianças que nela estão inseridas, e não
como vem sendo feito, usar este conhecimento como álibi
para eximir a escola de seu papel na produção
do fracasso escolar."
"Será que não nos vemos de forma enaltecida
enquanto detentores do saber elaborado ? Será que não
nos engrandecemos na medida em que nos dispomos a transmitir
esse saber, depreciando os alunos e suas famílias por
não aproveitarem esse nosso esforço ?
Não será esta uma das formas de explicar o fracasso
escolar quando este é atribuído ao mito da carência
dos alunos ?"
"... hoje temos consciência, porque inúmeras
experiências apontam neste sentido, que os alunos "carentes",
tanto crianças como adultos, são capazes de
aprender."
"Não podemos, no entanto, transformar esta
afirmação - toda criança tem capacidade
de aprender - em algo vazio de conteúdo prático,
correndo o risco de criarmos um novo mito que se mostrará
frustrado e frustrante."