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A dimensão ética na
obra de Jean Piaget |
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Yves de La Taille |
Como as crianças
aprendem as regras sociais?
Qual a melhor maneira de se discutir essas regras na escola?
Essas são questões sempre presentes no
dia-a-dia da sala de aula. As respostas variam de acordo
com a forma pela qual o professor concebe o desenvolvimento
humano e a proposta pedagógica de cada escola.
A esse respeito, Piaget possibilita importantes questões
que servem de ponto de partida nessa discussão.
Neste texto , o autor mostra, de maneira clara e bem organizada,
os pressupostos teóricos que compõem a visão
de Piaget a respeito da construção da moralidade
na criança.
A partir desses pressupostos pode-se entender melhor
sobre a construção das regras sociais
e, assim, facilitar o trabalho com as crianças.
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"Pesquisando crianças de cinco a doze anos,
PIAGET descobriu que a gênese do juízo moral
infantil passa por duas grandes fases. Na primeira, o universo
da moralidade confunde-se com o universo físico: as
normas morais são entendidas como leis heterônomas,
provenientes da ordem das coisas, e por isso intocáveis,
não-modificáveis, sagradas. A essa concepção
das normas corresponde um nível rudimentar de compreensão
destas: os imperativos são interpretados ao pé
da letra, e não no seu espírito... Na fase posterior,
as normas passam a ser entendidas como normas sociais cujo
objetivo é regular as relações entre
os homens. Assim, em torno de dez, onze anos, a criança
passa a conceber a si mesma como possível agente no
universo moral, capaz de, mediante relações
de reciprocidade com outrem, estabelecer e defender novas
regras."
"Na conceituação piagetiana, a criança
passa da heteronomia onde o bem é entendido
como obediência a um dever preestabelecido à
autonomia moral onde o bem é agora concebido
como eqüidade e acordo racional mútuo das consciências."
"Mas a originalidade do pensamento piagetiano é
a de ter chamado a atenção sobre um outro fator,
obrigatoriamente presente em toda sociedade. Refiro-me ao
tipo de relação interpessoal, que pode ser a
coerção ou a cooperação. Não
se trata apenas, portanto, de saber o que existe em determinada
cultura, mas também de verificar o tipo de relação
interpessoal por meio do qual o patrimônio cultural
é transmitido."
"Ora, se as relações de coerção
e de cooperação têm efeitos diversos
sobre o desenvolvimento do indivíduo, se a cooperação
é condição necessária à
autonomia intelectual, verifica-se que PIAGET integrou a
dimensão ética à sua teoria."
Publicação:
Série Idéias n. 20. São Paulo: FDE, 1994.
Páginas: 75-82
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