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As interações sociais
na perspectiva piagetiana |
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Luci Banks Leite |
Costumamos ouvir
falar que Piaget, na elaboração de sua teoria,
teria negligenciado o aspecto social do desenvolvimento
cognitivo da criança. Partindo dessa questão,
a autora propõe alguns conceitos presentes no quadro
teórico da perspectiva piagetiana para entender
melhor como são tratados esses aspectos sociais.
Para isso, ela parte dos conceitos de egocentrismo e de
equilibração.
A autora também discute o papel do aluno e do
professor no processo de ensino-aprendizagem. Aproveite
esse texto para entender um pouco mais sobre alguns
conceitos desse importante autor, que tanto tem influenciado
nossas concepções em educação.
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"É comum a afirmação de que
PIAGET e os pesquisadores que colaboraram com seus trabalhos
não se preocuparam com os aspectos sociais envolvidos
no desenvolvimento cognitivo da criança. Nesse sentido,
a teoria piagetiana é apontada por muitos como tendo
deixado de lado uma questão considerada primordial,
e que seria salientada por outras correntes teóricas
como a de VYGOTSKY , por exemplo. Daí ser o termo socioconstrutivista
utilizado, pelo menos em nosso meio, em referência aos
trabalhos que se inspiram, por exemplo, na corrente da Psicologia
soviética, e reservar-se com mais freqüência
o termo construtivismo para os trabalhos de PIAGET
e seus colaboradores."
"...os fatores sociais não são preponderantes,
nem atuam de forma isolada. As interações sociais
não são em si mesmas geradoras de novos sistemas
ou formas de conhecimento, mas podem suscitar certas situações
de conflito que, por sua vez, podem dar lugar a novas estruturações
cognitivas. É nesse sentido que as interações
sociais não são constitutivas em si mesmas,
mas constitutivas do processo de equilibração."
"O aspecto construtivista no quadro da teoria de PIAGET
está direta e necessariamente ligado à atividade
do sujeito.(...) Falar em atividade do sujeito remete
a um outro postulado de base do construtivismo, que considera
o conhecimento não como uma simples cópia ou
uma absorção do real, mas como uma reelaboração.(...)
O conhecimento se constrói através das interações
sujeito-objeto."
"Num enfoque construtivista, em que se atribui ao
sujeito um papel ativo, o aluno é responsável
por seu próprio processo de aprendizagem. (...) Cabe
ao professor criar situações, implementar condições
para que se desenrole o processo de construção."
"... parece difícil (para não dizer
impossível) ser construtivista sem pensar nos aspectos
sociais envolvidos na construção de conhecimentos.
Na medida em que o construtivismo está intimamente
ligado ao interacionismo, e que os mecanismos de equilibração
têm um caráter não apenas individual,
mas também social, não pode haver um ´construtivismo´
puro, pois este é intrinsecamente social."
Publicação:
Série Idéias n. 20. São Paulo: FDE, 1994.
Páginas: 41 a 47
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