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Boa noite
Segunda-Feira , 09 de Dezembro de 2024
>> Planejamento e Proposta Pedagógica
   
 
A eficácia das escolas não se mede: ela se constrói, negocia-se, pratica-se e se vive

Monica Gather Thurler


Para avaliar é preciso medir, certo ? Errado.

Esta é a resposta de Monica G. Thurler, ao nos apresentar um novo olhar sobre a eficácia das escolas e a avaliação.
Inicialmente, a autora faz um breve histórico sobre a questão da eficácia. Situa o surgimento do interesse pelo assunto nos anos 70, quando predominaram trabalhos com perspectivas "pessimistas" sobre o papel da escola no desenvolvimento das crianças ou em relação à sociedade.
Diante deste quadro, alguns estudiosos começaram a se perguntar:

Como, então, algumas escolas dão certo ?

O interesse voltou-se para as boas escolas, no sentido de investigar as condições que as tornam eficazes.
Nos anos 80, surgiram novos estudos relacionando a eficácia das escolas a características qualitativas. O papel da interação e da comunicação no interior da escola tornou-se um consenso entre os pesquisadores.

Mas, qual a relação entre eficácia e avaliação ?

Monica Thurler afirma que a avaliação, mais especificamente a auto-avaliação, está na base da busca pela eficácia escolar.
Isto porque a avaliação, entendida como um processo, tem por objetivo melhorar a escola, e não medir resultados. Isto é, deve servir para alcançar algo que, no caso, é o aprimoramento da escola e das ações que nela têm lugar.
A proposta de auto-avaliação, por sua vez, tem como pressuposto a crença na capacidade da escola de resolver seus próprios problemas.

Ninguém melhor do que os próprios envolvidos para dizer o que precisa ser mudado e como isto pode ser feito. Ou seja, os procedimentos utilizados em uma avaliação devem ser próprios à escola, considerando, portanto, suas especificidades.
Para que esta autonomia na avaliação seja possível, como nos diz a autora, são necessários quatro tipos de procedimentos:

* o diagnóstico;
* a coleta de dados;
* o desenvolvimento de ações coordenadas; e
* a supervisão.
Destes, no entanto, apenas o primeiro (o mais importante) costuma ser realizado nas escolas. Isto pode ser explicado por vários motivos:
* porque o próprio conceito de avaliação não está claro, ou seja, não se sabe o que se tem a fazer;
* ou mesmo a finalidade da avaliação não está clara, isto é, para que servirá aquilo;
* ou ainda falta estrutura adequada para a realização da avaliação, como tempo (já que não há como conciliar as atividades avaliativas com as tarefas habituais) e apoio externo (profissional qualificado que auxilie no processo).
Ao conceber esta forma de avaliar e de promover a eficácia das escolas, a autora parte de alguns pressupostos. São eles:
* nenhuma mudança ocorre sem que sejam levadas em conta as particularidades de cada escola e seu contexto;
* os professores não terão interesse na avaliação e nas mudanças propostas se eles não participarem das decisões acerca dos objetivos e dos procedimentos a serem adotados;
* uma escola eficaz se caracteriza pelo fato de que o movimento gerado pela avaliação seja comum para a escola como um todo e haja um conjunto de objetivos compartilhados;
* as chances de os professores modificarem sua postura serão maiores se eles tomarem consciência da situação e refletirem durante o planejamento das ações.

A partir de todos estes aspectos envolvidos em uma nova concepção de avaliação e eficácia das escolas, a autora propõe um modelo de avaliação: o Modelo das Cinco Zonas.


Essas zonas são interdependentes. Veja algumas de suas características:

Ensino orientado segundo as necessidades dos alunos: eles são levados a sério, tem-se confiança neles, encoraja-se a agirem de maneira cooperativa e autônoma.

Formação equilibrada do aluno com padrões de desempenho adequados, claros e explícitos negociados, reconhecidos e aceitos por todos.

Implicar o aluno em sua própria aprendizagem, fazendo-o participar da definição dos objetivos, do material, das situações, dos métodos e do próprio planejamento.

Cultura da escola: conhecimento socialmente compartilhado e transmitido daquilo que existe e deveria existir.

A organização interna da escola: estilo de gestão e direção, as boas relações entre os professores, o contexto no qual o corpo docente é chamado a funcionar.

Clima da escola: uma escola, como conjunto vivo de pessoas que convivem e colaboram, desenvolve sua própria linguagem, possui suas palavras, seus próprios conceitos, rituais e modos de expressão familiares que facilitam a comunicação, dão segurança, fornecem a cada um a impressão de "estar em casa".

Implicar os pais na organização da rede escolar e estabelecer relações estreitas, bem como com as autoridades escolares.

Administrar o justo equilíbrio entre autogestão e poder central, entre a autonomia da escola e o apoio a seus esforços pedagógicos pela atividade escolar.

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"Insistir na auto-regulação das escolas implica lhes conceder uma autonomia importante, tanto no estágio da explicitação dos critérios e do diagnóstico quanto no das ações empreendidas"

"Uma cultura que favoreça a comunicação e a cooperação, graças à qual os professores se considerem não como uma multidão de "combatentes solitários", mas ao contrário, como profissionais capazes e desejosos de se consultar, de forma contínua, sobre todos os problemas que envolvem o ensino, sobre a implantação de novas práticas, sobre os diversos problemas de ordem teórica e prática que surgem dia após dia."

"...conviria, iniciar, no interior da escola, uma reflexão envolvendo o conceito de eficácia e negociar, em seguida, os objetivos, as formas e os procedimentos de uma avaliação que, além do diagnóstico, permita elaborar o sentido da mudança e colocá-lo em prática."

Publicação: Série Idéias n. 30. São Paulo: FDE, 1998
Páginas: 175-192

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